Espasticidade pós-AVC: quando os músculos não respondem ao cérebro

Espasticidade pós-AVC: quando os músculos não respondem ao cérebro

Ela surge em cerca de 30 a 60% dos pacientes que sofreram um AVC. Se não for tratada com rapidez pode prejudicar a qualidade de vida e autonomia do paciente.

Tomar banho, vestir-se, pegar objetos. Atividades simples do cotidiano podem se tornar difíceis para pacientes que sofreram um acidente vascular cerebral, também conhecido como AVC.

A espasticidade surge a partir de uma lesão em parte do sistema nervoso central (o cérebro ou a medula espinhal), o que provoca interferência nos comandos musculares e leva ao comprometimento dos movimentos. Esse quadro, chamado de espasticidade pós-AVC, faz com que o indivíduo tenha rigidez muscular e perca parcialmente ou totalmente o comando dos músculos, além de espasmos e apresentar dores.

A espasticidade pode afetar qualquer músculo do corpo, mas é mais comum nos braços e pernas, desenvolvendo um quadro de dificuldade de mobilidade, ou seja, rigidez muscular e articular, que faz com que o membro fique fixo em uma posição.

Os primeiros sinais da espasticidade podem aparecer dias, semanas, meses e até um ano após o episódio do AVC, mas é muito importante que os médicos, os cuidadores e os familiares fiquem atentos aos seus primeiros sinais, pois quanto antes o tratamento multidisciplinar começar, melhores serão os resultados. Além de garantir mais qualidade de vida e autonomia à pessoa e evitar complicações, contar com a ajuda de diferentes especialistas aumenta as chances de o cérebro fazer novas conexões para superar as dificuldades apresentadas.

O combate à espasticidade deve ser multidisciplinar, com o objetivo de desenvolver a autonomia do paciente com a melhora da mobilidade dos membros afetados. “O paciente que está em processo de recuperação do AVC apresenta necessidades múltiplas no aspecto físico, cognitivo, emocional e social, por isso uma equipe composta por neurologistas, fisiatras, geriatras, cardiologistas, fisioterapeutas, nutricionistas, terapeutas ocupacionais, dentistas, enfermeiros, educadores físicos e psicólogos, além do seu cuidador, é fundamental para que o tratamento seja bem-sucedido”, diz Rocha. 

O processo deve envolver o posicionamento adequado do indivíduo quando estiver sentado ou deitado, com atenção especial à sustentação do tronco e das articulações no lado onde há redução de força, e o uso de órteses desenvolvidas especialmente para ele. Já o trabalho do fisioterapeuta é essencial para que seja feito um treino funcional específico que ajuda no relaxamento, combate o aumento do tônus motor e previne lesões articulares secundárias. Medicamentos orais, injetáveis e sistêmicos também podem ser indicados, assim como cirurgias para casos mais graves. 

A evolução da espasticidade pós-AVC é constante e, por isso, o seu tratamento deve ser contínuo. Para chamar atenção sobre o assunto e conscientizar a população sobre essa condição foi criada a campanha “Tempo é Movimento, Reabilitar é Ação”.

FONTE: SAÚDE ABRIL

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